Sobre a crítica e o medo
A crítica vem do grego kritike que significa a arte de, discernir, separar, julgar. Muitas vezes criticamos, julgamos e sentimentos medo quando não estamos conectados e em plenitude connosco. No budismo o medo é visto como uma ilusão camuflada do ego. O mestre Budista Gueshe Tenzing num discurso na Galiza fala sobre o medo: “Imagine que nós caminhamos, e há pouca luz e vemos alguma coisa enrolada na relva que nos faz medo, porque acreditamos que é uma cobra, quando são apenas dois cordões torcidos brancos e negros. Senão dermos valor a essa realidade que é algo errado, então não devemos temer. Por isso a partir da filosofia budista, o medo é apenas uma percepção falsa da realidade que provoca a mente “.
O medo está muitas vezes relacionado com situações mal resolvidas do passado, feridas de culpa, abandono, rejeição, magoa, traição e injustiça. Muitas vezes esse medo é exposto para os outros atribuindo juízos de valores e falácias desagradáveis para obtermos respostas que nunca poderão vir de outrem.
Ninguém tem de nos dar justificações sobre a sua vida, assim como nós não temos de partilhar sentimentos ou acções se não sentirmos que o temos de fazer, cada pessoa está na sua individualidade, num processo de evolução, e o facto de emitirmos juízos de valor sobre determinado assunto que não nos diz respeito é uma perda de energia e desfoco no nosso caminho. No taoismo acredita-se que o chi (a energia que circula no nosso corpo e fora dele), é alimentada pelos nossos pensamentos e acções todos os dias. Esse fluxo energético vai ser restabelecido se as nossas palavras, acções, pensamentos e alimentação forem harmoniosos.
A escolha dos nossos pensamentos e a forma como gastamos o nosso chi no discurso é parte integrante do nosso caminho espiritual, quando passamos uma tarde a falar sobre a vida de outras pessoas, guerras, sentimentos de ódio ou mágoa sobre determinado assunto estamos a descer a nossa vibração. Por outro lado quando nos permitmos passar uma tarde a falar de assuntos que gostamos, música, arte, livros ou filmes que vimos, palavras de gratidão com a nossa vida, tornamo-nos mais estáveis emocionalmente e a nossa energia sobe.
Nem sempre é fácil enterdermos o porquê de algo ter acontecido menos bem na nossa vida, mas nem sempre temos de ter respostas. Por vezes essas respostas surgem com o tempo, os acontecimentos menos bons vêm para nos trazer novos caminhos e abrir novas portas, só estamos abertos a esse caminho se nos entregarmos à humildade e aceitação de que na vida tudo pode mudar a qualquer altura, e que nessa transição, que está muitas vezes fora do nosso controlo, vem o consetimento e entendimento de que temos a capacidade de transmutar tudo isso em algo mais belo e puro. Temos sempre a opção de olharmos para o lado bom de aceitação e evolução ou olhar para o lado mau de vitimização, juizos de valor e incompreensão, que muitas vezes é o caminho mais fácil porque nos faz perder o foco e centrar em padrões repetitivos do Eu.
Por vezes, certos acontecimentos são assustadores, e por vezes o medo vem ao de cima dizer-nos que não somos capazes e que não deveria ter acontecido desta maneira, mas acredito que temos a capacidade de passar qualquer obstáculo que a vida possa colocar.
Quanto mais nos debatermos com um pensamento negativo ou atribuirmos a determinado assunto, pessoa ou material uma energia menos boa vamos criar vínculos energéticos e baixar o nosso campo. Por outro lado, se com aceitação nos desprendermos das amarras e como um rio fluirmos no decurso na vida, nos bons e nos momentos menos bons, o nosso pensamento começa a fluir livremente.
Hoje partilho convosco um texto taoista:
" Evite julgar ou criticar. O TAO é imparcial nos seus juízos: não critica ninguém, tem uma compaixão infinita e não conhece a dualidade. Cada vez que julga alguém, a única coisa que faz é expressar a sua opinião pessoal, e isso é uma perda de energia, é puro ruído. Julgar é uma maneira de esconder as nossas próprias fraquezas.
O Sábio tolera tudo sem dizer uma palavra. Tudo o que o incomoda nos outros é uma projecção do que não venceu em si mesmo. Deixe que cada um resolva os seus problemas e concentre a sua energia na sua própria vida. Ocupe-se de si mesmo, não se defenda. Quando tenta defender-se, está a dar demasiada importância às palavras dos outros, a dar mais força à agressão deles."
Com Amor,
Kate