Desapego e Amor-Próprio
A prática do desapego é um processo gradual, que nem sempre é fácil de manter sobretudo numa sociedade que nos mostra que necessitamos da parte material e de dependermos de outros para sermos felizes.
No entanto, a única pessoa que nos pode fazer sentir realizados e bem connosco somos nós.
Isto não significa não criarmos ligações, não nos entregarmos ou ter medo de sofrer. Muito pelo contrário, significa vivenciar, entregarmo-nos à relação, emprego, viagem, seja o que for de corpo e alma e, como um rio fluir e apreciar tudo o que esse caminho nos tem para mostrar.
Guiarmo-nos pelo coração sem esperarmos nada em troca. Deixar a pessoa ir quando tem de ir, desejando-lhe amor e as melhores escolhas para o seu percurso, sair do emprego com aceitação de que foi mais uma fase do nosso crescimento pessoal, deixar o país com a certeza de que vamos estar bem noutro lugar apenas porque estamos bem connosco e confiamos em plenitude no nosso caminho, deixar os nossos filhos saírem de casa com amor, gratidão e aceitação pela nova etapa da sua vida. Esta genuinidade e autenticidade deixa-nos livres e em plena quietude para os novos acontecimentos que possam surgir.
"Todos já tivemos experiências difíceis. Isto faz parte da nossa passagem pela Terra. Por outro lado, é mentira pensar que tudo o que acontece connosco tem o seu lado bom. Existem coisas que deixam marcas muito difíceis de superar. Só existe uma maneira de nos livrarmos das experiências amargas: viver o presente. Aproveite sempre o agora." -Paulo Coelho
A entrega de nós mesmos ao momento presente é a chave para toda a ansiedade ou angústia que possam surgir nos momentos mais difíceis.
Estarmos bem connosco e amarmo-nos, é algo que por vezes, pode ter um trajecto doloroso, mas no fundo, é a única verdade que podemos seguir com segurança.
A importância de dizermos o que sentimos, o que queremos e o que somos é vital, mas devemos fazê-lo com amor e não com presunção e autoritarismo. Por vezes é difícil tomar decisões que sabemos que podem magoar as pessoas que mais amamos, por isso é importante falar com alma, não ficar nada por dizer e sobretudo fazê-lo com compaixão, amor e plenitude com o próximo e connosco.
Há um exercício que faço nos momentos em que sinto que preciso de tomar decisões, consiste em escrever frases e dizê-las várias vezes ao dia, como:
Eu amo-me a mim mesma
Eu tomo esta decisão de (...) porque me respeito
Eu sou amor
Eu sou expansão
Eu sou vida
O meu bem-estar depende de mim
Eu sou luz e cura
Quando alguma coisa não está bem lá fora, é porque alguma coisa não está bem cá dentro.
Este processo de reflexão, enraizamento e amor por mim mesma, tornou-se uma rotina que contemplo todos os dias. Na sequência de me amar e respeitar os meus valores, vem um estado de gratidão plena e aceitação pelas fases boas e menos boas que vão sendo experienciadas pela plenitude do meu ser.
"Se você não ama a pessoa que é, não pode amar os outros. Se não sente compaixão por si, não poderá ter compaixão pelos demais." -Dalai Lama
Com Amor,
Kate